segunda-feira, 13 de junho de 2011

A simplicidade do amor

Era domingo e dia dos namorados, ele não tinha feito nada, preparado nada, comprado nada. A namorada e agora mulher dele, não gosta de dias “obrigatórios”, não tem paciência. Nunca tinha tido, desde a época de namoro. Isso sempre gerava briga. Ele não entendia o porquê e ela toda vez  que tentava explicar: “eu trabalho muito, você também, chato ter obrigações, mesmo que festivas é chato, não gosto.” Começava a briga.

- Mas eu gosto, ou acho que gosto você nunca me deixou saber com esse discurso feminista, anti- capitalista ou o quer que seja. 

- Não é isso, eu acho chato. Mas se é tão importante pra você. Ok, eu compro um presente que você não precisa, finjo que estava afim de comprar e te dou. Faço um jantar, vai ficar feliz? Responde ela sem paciência.

- Desse jeito não precisa.

Todo dia dos namorados era a mesma briga, esse ano eu vou aceitar, não vou comprar nada e fazer nada, vamos ver se ela não liga. Ele prometeu para si mesmo.  O domingo, era o primeiro dia de namorados deles casados. Ela acordou como todos os dias, foi a padaria, comprou jornais e revistas, abriu todo o apartamento e ligou um jazz. Tava frio, mas sol. Ele se levantou depois, tomaram café juntos comentando as notícias da noite anterior, do jornal, a história da filha da vizinha da mãe dele que tinha passado no vestibular. Tudo normal. 

- Vamos almoçar na sua mãe mesmo hoje? Pergunta ela distraída.

- Não, eles têm compromisso - Disfarçou ele.  

Depois de arrumarem a cozinha conversando, eles resolvem ir a uma livraria perto . Ela compra livros, mesmo tendo muitos e ele olha dvds de filme de ação, ainda que ele saiba que vai dormir na metade. Na volta, fazem almoço conversam animadamente. Ele se surpreende como ela realmente não se lembrou da data.

- Você vai ao jogo do Botafogo com os seus irmãos? Vai ver o jogo do Fluminense comigo?

- Não vou, vamos ver os dois juntos em casa?

E como quase todo domingo, eles assistem juntos aos dois jogos e comentam animadamente os defeitos e acertos dos times, entre uma cerveja e outra. Ela entende de futebol e ele aprendeu a gostar de ballet e filmes bobos, ela faz uma cara linda quando os vê. Ela não reclama da pelada de quinta, nem pede pra trocar de canal do esporte para o de filmes afinal futebol é o máximo, ela só podia ser alvinegra nê? Mas... Os pensamentos dele voam e quando se dá conta, o dia acabou. Eles já estão indo dormir, o dia foi maravilhoso, como todos os domingos e ao ver que a mulher não tocou no assunto ele não resiste e pergunta:

- Você sabe que dia é hoje?

- Domingo, dia dos namorados e daí?

- A gente não fez nada... Você reparou?!

- Não, não reparei, achei que a gente tinha passado um dia ótimo juntos – responde ela, levemente irritada.

- Mas a gente fez o que fazemos todos os domingos.

- Nossa !!! – exclama ela, segurando o riso - depois de tantos anos, finalmente você entendeu o meu ponto de vista. Se tivéssemos saído para comer ou nos desgastado para comprar presentes em shoppings cheios, não teríamos feito nada disso.  Eu não preciso de uma data no calendário para dizer que te amo. Digo todos os dias. Você só não repara porque não quer.

Ele sorri, a beija e eles vão dormir. Juntos, como todos os dias.  Tempos depois, se lembrando da fala dela,  ele chega em casa e fala:

- Se veste vamos sair!

- Mas eu fiz o jantar... Porque vamos sair?

- A gente almoça  o jantar de hoje amanhã. Hoje vamos comemorar.

- Ta, mas o que? Pergunta ela sem entender nada.

- A nossa vida, o nosso amor...

Ela sorri, seus olhos enchem de água e diz: - Era isso que eu sempre quis... O amor pelo amor... Nunca pela data - Ele finalmente a compreende.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Liberdade, liberdade abra as asas sobre nos.

É bom voltar a escrever aqui. Problemas tecnológicos a parte, voltei. Tenho vários assuntos acumulados, mas um me chamou atenção um pouco antes do carnaval. Primeiro que antes da folia, começou uma onda de solteirice entre as minhas amigas. O espírito colombina imperou. Logo, o assunto era sempre o mesmo, relacionamento. Boa forma de começar um carnaval né?. Conversando com umas delas, me veio a seguinte frase: " O problema é que eu sou legal demais." Fiquei pensando nisso.

A solteira em questão é uma mulher muito moderna, independente, inteligente, bonita e muito bem resolvida. Tá ai o problema. Homens tem medo de mulheres bem resolvidas, não todos, mas a grande maioria. Conheço várias mulheres que qualquer um namoraria, solteiras. Por que? Porque são mulheres livres, que não se prendem a pequenas coisas, a problemas inexistentes, apenas para ter problemas. Elas não alfinetam só para fazer ciúmes, não tentam baixar a estima do outro só para se sentirem por cima, não fazem o papel de mãe de seus companheiros e os apóiam o tempo todo. Mas elas são legais demais para ter alguém.

Isso pode parecer absurdo e é, mas pensa quantas pessoas assim você conhece e que já ouviram a frase, eu não tô no momento de ser o namorado que você merece. Sendo que elas em momento nenhum exigiram que eles fossem nada mais do eles eram ?! A grande questão, na minha humilde opinião observadora, é que a visão masculina de companheira ainda é muito machista, de mulher provedora, mãe e neurótica. Só ama a mulher ciumenta, a que regula os passos, a que joga o tempo todo. A tranquila, a que tem muitos outros objetivos na vida além de casar, essa merece um super- homem.

A mulher que é "perfeita" para esse homens não tem o direito de escolher que é bom para ela. Os homens têm que parar com a mania de achar que não são bons o suficiente. Entrem na onda, se modernizem também, apenas sejam e parem de se cobrar, desencanem, sejam LIVRES. Ninguém é perfeito, nem tem que ser. O problema é que em vez aceitarmos nossos defeitos e convivermos com eles, nós queremos escondê-los e até mudá-los. Desiste! Aceite-os que é bem mais libertador. Mas fundamentalmente deixe que a pessoa que está com você escolha o que é melhor para ela. Cada um sabe o que é melhor para si. Você pode ter defeitos mas pra mim tá bom , me satisfaz, eu até gosto. Quando as pessoas aceitarem isso talvez elas sejam mais felizes. 

Para essa minha amiga eu não tive o que dizer. Realmente você é legal demais, isso não devia ser defeito, mas nesse contexto era. Como eu me recuso a acreditar que relacionamentos são jogos de xadrez, que a todo momento temos que pensar a cada passo, em vez de dançar conforme a música, achei melhor não falar nada. O jeito é esperar, ou o super - homem ou um homem livre e moderno. Enquanto isso... vou beijar- te agora não me leve mal hoje é carnaval!